A importância desta etapa, frequentemente negligenciada por
orientadores e professores de grandes instituições, acarreta necessariamente na
baixa absorção do conteúdo, criando lacunas e deformações no aprendizado de tal
forma que o aluno sente-se naturalmente frustrado por dar-se conta de que não
está aprendendo como deveria. Estas lacunas, quando não diagnosticadas, implicam
também na extensão cada vez mais “arrastada” da duração do curso, que tende a
ser cada vez maior, visto que os problemas não foram devidamente identificados,
tampouco sanados. A título de exemplo, já peguei turmas de nível avançado onde alunos,
que estudaram o idioma por quatro anos em várias instituições, não têm coisas
tão elementares como os verbos avoir/être
(ter/ ser e estar) na ponta da língua. Como os outros professores ou
orientadores deixaram uma coisa dessas passar batido? Como classificaram estes
alunos em nível avançado quando não dominam algo primordial do nível básico?
Por isso insisto no ponto de que se os problemas não forem identificados e
devidamente sanados, o aluno corre o risco de sofrer o que chamo de indigestão linguística, ou seja, passa a
absorver cada vez menos o conteúdo das aulas, que tendem a aumentar o fluxo de
informações com o passar do tempo, criando confusões e fazendo mesclas
desconexas de conteúdos, aquela famosa “mistureba”. E o pouco que consegue
absorver não se encaixa dentro do contexto, justamente por haver carência dos
elementos previamente ensinados e necessários para sua inserção e compreensão.
A este problema atribuo também o fato da má desenvoltura oral. Quando o aluno
não absorve ou não compreende um conteúdo X da língua, ele fica suscetível ao
estado de dúvida por não possuir plenamente aquele conhecimento e,
portanto, hesita ao falar. Ou simplesmente não fala: ele trava. Isto
indica que o conteúdo não está claro o suficiente para o aluno. No início do
aprendizado, isto é absolutamente comum e natural acontecer. Mas quando isto
ocorre com frequência com um aluno de nível mais avançado, é porque há um
problema não resolvido. Quem nunca se deparou com aquele colega que estuda um
idioma em uma boa escola há anos, mas possui um domínio muito baixo da língua
estudada? Daí vem a minha preocupação em torno da importância do teste de
proficiência bem realizado e da eventual reparação advinda dos resultados
obtidos.
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